O Transtorno do Pânico é comum, pode ser claramente definido, diagnosticado e
tratado
Existem pessoas, não importa de que classe social, que vagam pelos
consultórios e clínicas do mundo inteiro sem que ninguém seja capaz de lhes
dizer qual a verdadeira origem de seus males. A pessoa passa por uma série
interminável de consultas e exames, em boa parte pagos com dinheiro público,
acaba entrando nas estatísticas de certas doenças, mas não tem seu problema
resolvido. "De repente, eu senti uma terrível onda de medo, sem
nenhum motivo. Meu coração disparou, tive dor no peito e dificuldade para
respirar. Pensei que fosse morrer."
Quais os
sintomas
físicos?
Como se descreve acima, os sintomas físicos de
uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente (apesar de
existir, mas fica difícil de se perceber). Os sintomas são como uma preparação
do corpo para alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos
de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue
no cérebro e nos membros usados para fugir - em detrimento de outras partes do
corpo, incluindo os orgãos sexuais. Eles podem incluir :
contração/tensão muscular, rijeza; palpitações (coração
dispara); tontura, atordoamento, náusea; dificuldade de respirar (boca seca);
calafrios ou ondas de calor, sudorese; sensação de "estar sonhando
"; distorções de percepção da realidade; terror, sensação de
que algo horrível está prestes a acontecer. sensação de que se está impotente
para evitar tal acontecimento; confusão, pensamento rápido. medo de perder o
controle, fazer algo embaraçoso; medo de morrer; vertigens ou sensação de
debilidade.
Uma crise de pânico dura caracteristicamente
vários minutos e é uma das situações mais angustiantes que podem ocorrer a
alguém. A maioria das pessoas que tem uma crise terá outras (se não tratar).
Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra
crise, diz-se que tem transtorno do pânico. O QUE É O TRANSTORNO DO PÂNICO?
Transtorno do pânico é um problema sério de
saúde. Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade,
caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e,
freqüentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico - por exemplo,
enquanto dirige, fazendo compras em uma loja lotada ou dentro de um elevador - a
pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e
começar a evitá-las. Gradativamente o nível de ansiedade e o medo de uma nova
crise podem atingir proporções tais, que a pessoa com o transtorno do pânico
pode se tornar incapaz de dirigir ou mesmo pôr o pé fora de casa. Neste estágio,
diz-se que a pessoa tem transtorno do pânico com agorafobia. Desta forma, o
distúrbio do pânico pode ter um impacto tão grande na vida cotidiana de uma
pessoa como outras doenças mais graves - a menos que ela receba tratamento
eficaz e seja compreendida pelos demais. O QUE CAUSA O TRANSTORNO DO PÂNICO? De acordo com uma das teorias, o sistema de
"alerta" normal do organismo - o conjunto de mecanismos físicos e mentais que
permite que uma pessoa reaja a uma ameaça - tende a ser desencadeado
desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente. Algumas
pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que o T.P.
ocorre com maior freqüência em algumas famílias, e isto pode significar que há
uma participação importante de um fator hereditário (genético) na determinação
de quem desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem
este transtorno não tem nenhum antecedente familiar. O cérebro produz substâncias chamadas
neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os
neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que
irão determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso
organismo (ex: andar, pensar, memorizar, etc). Um desequilíbrio na produção
destes neurotransmissores pode levar algumas partes do cérebro a transmitir
informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise
de pânico: existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo
para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É como se tivéssemos um
despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente inapropriadas. No
caso do Transtorno do Pânico os neurotransmissores que encontram-se em
desequilíbrio são: a serotonina e a noradrenalina.
O TRANSTORNO DO PÂNICO É UM PROBLEMA SÉRIO? O T.P. já é considerado um problema sério de
saúde. Atualmente 2 a 4% da população mundial sofre deste mal, que acomete mais
mulheres do que homens em uma proporção de 3 para 1. Há muito que o T.P. deixou
de ser um diagnóstico de exclusão. Hoje, mais do que nunca, há necessidade de um
diagnóstico de certeza para tal entidade clínica. As pessoas que sofrem deste
mal costumam fazer uma verdadeira "via-crucis" a diversos especialistas médicos
("doctor shopping") e após uma quantidade exagerada de exames complementares
recebem, muitas vezes, o patético diagnóstico do "nada", o que aumenta sua
insegurança e seu desespero. Por vezes esta situação dramática é reduzida a
termos evasivos como: estafa, nervosismo, stress, fraqueza emocional ou problema
de cabeça. Isto pode criar uma incorreta impressão de que não há um problema de
fato e de que não existe tratamento para tal patologia.
O T.P. é real e potencialmente incapacitante,
mas pode ser controlado com tratamentos específicos. Por causa dos seus sintomas
desagradáveis, ele pode ser confundido com uma doença cardíaca ou outra doença
grave. Freqüentemente as pessoas procuram um pronto-socorro quando têm a crise
de pânico e podem passar desnecessariamente por extensos exames médicos para
excluir outras doenças. Os médicos em geral tentam confortar o
paciente em crise de pânico, fazendo-o entender que não está em perigo. Mas
estas tentativas podem às vezes piorar as dificuldades do paciente: se o médico
usar expressões como "não é nada grave", "é um problema de cabeça" ou "não há
nada para se preocupar", isto pode produzir uma impressão incorreta de que não
há problema real e de que não existe tratamento ou de que este não é necessário,
conforme já comentado. QUAL É A POPULAÇÃO ATINGIDA? As pessoas que tem o T.P., em sua maioria, são
pessoas jovens (faixa etária de 21 a 40 anos), que encontram-se na plenitude de
suas vidas profissionais. O perfil da personalidade das pessoas que sofrem do
T.P., costuma apresentar aspectos em comum: geralmente são pessoas extremamente
produtivas à nível profissional, costumam assumir uma carga excessiva de
responsabilidades e afazeres, são bastantes exigentes consigo mesmos, não
convivem bem com erros ou imprevistos, têm tendência a se preocuparem
excessivamente com problemas cotidianos, alto nível de criatividade,
perfeccionismo, excessiva necessidade de estar no controle e de aprovação,
auto-expectativas extremamente altas, pensamento rígido, competente e confiável,
repressão de alguns ou todos os sentimentos negativos (os mais comuns são, o
orgulho e a irritação), tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo,
entre outras. Essa forma de ser acaba por predispor estas pessoas a situações de
stress acentuado, fato este que pode levar ao aumento intenso da atividade de
determinadas regiões do cérebro desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico
e conseqüentemente o aparecimento do T.P.. Vale ressaltar ainda que alguns medicamentos
como anfetaminas (usados em dietas de emagrecimento) ou drogas (cocaína,
maconha, crack, ecstasy, etc), podem aumentar a atividade e o medo promovendo
alterações químicas que podem levar ao T.P.. EXISTE TRATAMENTO PARA ESTE PROBLEMA? Existe uma variedade de tratamentos para o
T.P.. O mais importante neste aspecto é que se introduza um tratamento que vise
restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral numa primeira etapa. Isto pode ser
feito através de medicamentos seguros e que não produzam risco de dependência
física dos pacientes. Numa segunda etapa prepara-se o paciente para que ele
possa enfrentar seus limites e as adversidades vitais de uma maneira menos
estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer junto com o paciente uma
nova forma de viver onde se priorize a busca de uma harmonia e equilíbrio
pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser realizada com esse
objetivo. O sucesso do tratamento está diretamente
ligado ao engajamento do paciente com o mesmo. É importante que a pessoa que
sofre de T.P. entenda todas as peculiaridades que envolvem este mal e que queira
fazer uma boa "aliança terapêutica" com seu médico no sentido de juntos
superarem todas as adversidades que poderão surgir na busca do seu equilíbrio
pessoal.
Toda a informação
deste site tem como intenção somente melhorar seu conhecimento geral e não é um
substituto para o conselho ou o tratamento médico. Você deve consultar seu
médico pessoalmente antes de começar qualquer tratamento.
Três quartos das pessoas com distúrbio mental não estão onde deveriam estar:
no psiquiatra ou no psicólogo. Estão nas mãos do cardiologista, do
neurologista ou de outro especialista qualquer. É uma multidão que não trata
a sua doença de forma adequada, pois um mau diagnóstico pode levar essas
pessoas a conviver com enormes desconfortos, que acabam se estendendo à toda
a sua família.
" Tenho tanto medo. Toda vez que me preparo para sair, tenho aquela desagradável
sensação no estômago e me aterrorizo pensando que vou ter outra crise de
pânico."